quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Foi um dos jogos mais emotivos que o Estádio do Clube Desportivo das Aves alguma vez recebeu. O Sporting, campeão nacional em título, venceu por 4-3, depois de ter estado a perder por duas ocasiões. 4 golos em 6 minutos, no inicio da segunda parte... 14 de Outubro de 2000, foi a data do jogo. Agora, dia 23 de Setembro de 2005, quase cinco anos depois, pede-se a mesma festa e a vitória do AVES!


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Quem não se lembra? É um dos jogos de que mais me orgulho do meu Aves. Não vencemos, mas participamos num grande jogo de futebol. Fica, como recordação, a reportagem do jornal RECORD, no dia seguinte. Fotografias: www.record.pt e www.desportivodasaves.blogspot.com .

RECORD:

Um grito que lhe nasceu na alma. Lançou-o para o ar quando Quinzinho fez aquela "chapelada" a Peter Schmeichel e André Cruz "ajudou" ao tentar aliviar! Um desabafo num jogo cheiinho de emoções fortes, com o feito de quatro golos em seis minutos e onde a expulsão de Nuno Afonso foi "um tiro nos pés" dos sonhos

FOI uma vitória arrancada a ferros, sofrida como as coisas sofridas e indefinida até ao derradeiro apito de Martins dos Santos! Muito por culpa de um Desportivo das Aves que aproveitou o dia de festa que uma inauguração sempre proporciona para mostrar que tem uma equipa para voar alto - a jogar assim... - e causar grandes dissabores na maratona que falta percorrer!

E, se fosse necessário sentir o pulsar deste conjunto comandado pelo prof. Neca e de adivinhar os seus intentos, os quinze minutos iniciais de jogo bastavam para se ficar a saber que Acosta tinha "polícia em todo o terreno" - José Soares -, Sá Pinto tinha Quim Costa sempre à "perna" e João Pinto um senhor que dá pelo nome de Braima. Por outras palavras, os homens criativos dos campeões nacionais tinham o espaço e o terreno bem limitados e, consequentemente, a sua acção dificultada.

Ao contrário, no contra-ataque, o Desportivo das Aves era lesto a colocar a bola no meio campo leonino, por norma no corpulento Quinzinho, senhor de uma velocidade que, sempre que tinha a bola nos pés, causava sérios problemas à defesa leonina.
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A juntar a Quinzinho, dois homens nos flancos - Naddah e Rui Lima - desembaraçados no trato da bola - principalmente o segundo - e felinos nos passes para quem tinha a obrigação de levantar a alça e disparar: o tal Quinzinho.

E tanto assim foi que por duas vezes - aos 4 e 12 m - o dianteiro avense teve o golo nos pés. No primeiro, Schmeichel negou-lho e, no segundo, a bola beijou as malhas laterais do guarda-redes leonino!

E o Sporting, neste entretanto? Boa pergunta! Procurava fazer circulação de bola, mostrava desejos de jogar pelos flancos, mas, depois, ou o cruzamento não saía ou a bola metida na zona central esbarrava na muralha defensiva da casa. Ora, era toda esta situação que lançava nos leões uma ansiedade visível, traduzida em muitos passes perdidos, em jogadas mal gizadas e..., cá atrás, um Schmeichel que não parava de gritar, subindo no terreno de forma algo displicente...

QUANDO MARCAR NÃO TRANQUILIZA...

O golo leonino chegou aos 18 m. Um lance iniciado em Sá Pinto e uma insistência de Bino, que, ganhando um ressalto a Quim Costa, fez um passe soberbo para um Dimas, já em velocidade e bem enquadrado com a baliza, disparar sem hipóteses para Tó Luís! Um golão.


Poderia pensar-se que este golo tranquilizaria as hostes leoninas, mas o Aves não deixou que isso acontecesse. Teimou no seu estilo, continuou a dar luta ao meio-campo e defesa adversários e, beneficiando de uma certa ineficácia concretizadora do adversário - João Pinto e Acosta tiveram na cabeça duas situações de "golo feito"! - e... chegou à igualdade, merecidamente, por Rui Lima, num golo em que Schmeichel - a nosso ver - não estava no sítio certo! Um remate "do meio da rua", com a bola a tomar um efeito caprichoso e a anichar-se no fundo da baliza! Outro golão!

E depois? O Sporting voltou a não acertar o passo, a ficar limitado no desenvolvimento do jogo e a ver Beto desarmar "nos limites" Quinzinho, quando este se aprestava para entrar na área.

"LOUCURA"

Bem: se, em termos de jogo, de espectáculo, os quarenta e cinco minutos iniciais tinham atingido bitola alta, os segundos... superaram-na e muito! Um jogo de emoções fortes, de bola cá, bola lá, de futebol ao primeiro toque e de um Aves, senhor do seu nariz, altivo, convicto das suas armas e a desafiar o campeão para um "duelo" de gigantes.
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Resultado: em seis minutos - leu bem, leitor, em seis minutos - quatro golos! Quinzinho desfez a igualdade com um remate cruzado para o poste mais longe de Schmeichel; Dimas voltou a empatar, desviando uma bola vinda dos pés de André Cruz; André Cruz foi infeliz ao tentar safar uma "chapelada" de Quinzinho a Schmeichel e Sá Pinto voltou a repor a igualdade no minuto seguinte. Tudo isto entre o minuto 49 e 55!

Bastaria esta resenha para poder avaliar-se que, na verdade, o jogo do alindado Estádio de Vila das Aves foi espectacular. Onde os "defeitos" morreram aos pés das "virtudes"; onde se defrontaram duas equipas num taco-a-taco que tira credibilidade aos que teimam em afirmar que, nesta I Liga, continuam a existir "grandes" e "pequenos".


Mais: se Inácio apostou na entrada de Iordanov, teoricamente para dar maior poder ofensivo à sua equipa, Neca apostou dobrado, fazendo entrar Jorge Duarte e Octávio, como reforço ao meio-campo e, consequentemente, ao ataque. Só que, no minutinho seguinte, num lance na grande área do Aves, Nuno Afonso agarrou Acosta (quando este se aprestava para rematar) pela camisola, José Soares "completou" o agarranço e Martins dos Santos não teve dúvidas em apontar a marca de grande penalidade.
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Um "tiro nos pés dos sonhos", já que para além do castigo máximo, que Acosta - em recarga - converteu, o Aves ficou sem um jogador - Nuno Afonso, quem iniciou a falta sobre Acosta - numa luta a partir de então desigual! Mas que, nem por isso, deixou de continuar viva e bem viva, disputada palmo a palmo. Só que, nesta altura, o Sporting, com mais trunfos na mão, resolveu circular a bola de flanco para flanco, do meio campo para trás e... a só ir à frente quando poderia criar problemas a uma defesa que já não tinha a coesão inicial. Naturalmente.

Porém, para que se atente mais na tal "loucura" deste jogo, acrescente-se que Rodrigo - entrado aos 72 m - ainda disparou à barra de Tó Luís e... Schmeichel, no último lance do jogo, evitou que Quinzinho voltasse a festejar o golo! Memorável!

A ARBITRAGEM

Martins dos Santos está diferente, para muito melhor. Os amarelos mostrados não têm o mínimo reparo e, no resto, entendeu o jogo e deixou os artistas fazerem-no! Sem ponta de protagonismos...

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