quarta-feira, 18 de abril de 2007

CRÓNICA "LINHA DIRECTA" DO RECORD
por Vítor Pinto

somos grandes... o maior dos mais pequenos.! grande texto, para ler e reler! viva o aves!



"Quando o Aves conquistou a promoção ao escalão principal, também me senti tentado a não dar grande crédito às possibilidades de continuidade na Liga de um clube que nunca aguentou mais do que um ano entre os grandes.

Conhecendo o modelo de gestão avense, que cumpre religiosamente todos os compromissos, sabia que não seriam assumidos riscos para além do razoável, o que desde logo significava uma séria desvantagem em relação a instituições desportivas que se vão perpetuando ao mais alto nível à custa de manobras contabilísticas e promessas de negociatas com terrenos. O crime tem compensado.

Não foram, assim, surpreendentes as dificuldades do Aves na primeira volta, deslizando rapidamente para a última posição. Durante longa a paragem de Inverno dos campeonatos profi
ssionais, tive oportunidade de acompanhar um jogo-treino do Aves, em Vila do Conde. O Rio Ave derrotou o conjunto primodivisionário sem grande dificuldade mas, no final, e contra o que pareceria mais razoável, o discurso de Neca foi de uma esperança quase contagiante. De facto, não era possível perceber onde iria o técnico que orientou a selecção das Maldivas espremer gotas de qualidade no sentido de tornar o conjunto avense competitivo na Liga, dado que o transporte da lanterna vermelha sempre pareceu o destino fatal para o emblema do Distrito do Porto que alguns ainda confundem como minhoto. Mas ele acreditava.

Do mercado chegaram algumas pérolas, como Nuno Espírito Santo, Jorge Ribeiro, Paulo Sé
rgio ou Moreira. E até falhou a contratação de Ricardo Nascimento, que seria um verdadeiro valor acrescentado. Ainda assim, nada que se comparasse à armada internacional que desembarcou em Aveiro, por exemplo.

Passando despercebido, o Aves foi ganhando uma consistência interessante. Em 2007, só foi derrotado por FC Porto e Benfica em casa, e nas deslocações ao Sp. Braga e Belenenses. Os cinco empates registados foram os alicerces paravdois triunfos providenciais, sobre Boavista e Nacional, este coroado por uma inaudita chuva de golos.


Agora, se Neca disser que o objectivo para domingo é vencer o Paços de Ferreira, di
ficilmente quem o ouvir ousará soltar sorrisos de escárnio. De despromovido antecipado, o Aves passou a competidor respeitado pela permanência e, mesmo encerrando a época no Dragão, conquistou o direito a sonhar.

O sucesso de Neca, e da equipa directiva liderada pelo presidente Joaquim Pereira, seria uma bofetada de luva branca para quem bate palmas a reduções dos campeonatos, e depois chora lágrimas de crocodilo quando alguns clubes não demonstram mérito desportivo para continuarem no topo. O Aves, pelos exemplos de rigor e seriedade que vem dando ao longo dos anos, merece ter sorte."



Ligações:
RECORD - "Aves que sabe voar"

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